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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Fria e virginal


Vem, se joga, tira a roupa e me devora. Faz de mim seu vampiro, seu lobisomem faminto. Vem, me devora, me chama de mal e se agarre aos meus pés. Quero sua boca em meu corpo, quero que seja a bruxa dos meus contos. Vem, me enlaça, me amordaça, escraviza meus espasmos, toma de mim os orgasmos. Sei que quer, sei que gosta. Sua língua nos meus olhos, seus dentes me mordendo com ódio. Você é minha berlinda, meu cadafalso, minha deusa medieval. Quero ressonar e suar sangue na sua palma de cristal. Quero pegar fogo, arder de enxofre por seu jogo. Vem, me maltrata a carne, tortura meus ossos e infunda meus miolos. Quero sentir cólera doentia, prazer insano e cruento. Quero rasgar a seda e sorver seu caldo. Quero meu corpo despedaçado, quero minha garganta arranhando seus cabelos. Não demora, não me droga. Apenas venha e me quebre contra a parede, a cama e os tijolos. Esse dia, essa explosão, tudo é fruto e perversão, é toxina que forjamos com nossos óleos e faíscas. Vem de nós, desse pantanal, o apocalipse, a indecência, a fome fria e virginal.

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