Um engenheiro me avisou que a medida de amar é amar sem medida, que é inútil ter certeza, que talvez eu esteja correndo do lado errado. Esse engenheiro me deixou com ciúme porque disse, meu amor, que seus lábios são labirintos, que já te conhecia de outros carnavais, com outras fantasias. Ele mora longe, mas mandou carta para avisar que toda forma de poder é uma forma de morrer por nada, que tudo passa. Esse cara é foda, mesmo de longe fica mandando mensagens, como se fossem garrafas vazias ao mar. Ele disse que não chegou até aqui para desistir agora. Mas se você perguntar por ele, vão dizer que ele anda estranho. Cortou os cabelos, desfez a banda e pegou a estrada com outro cara. Ele agora se diz de poucas vogais, que foi sincero como não se pode ser. Ele diz que é um erro assim, tão vulgar, trocar vidas por diamantes, ser a banda de uma propaganda de refrigerantes. Hei, Engenheiro, eu também não esquento a cabeça, por mais que a gente cresça há sempre alguma coisa que a gente não consegue entender. Eu também não gosto de ver o meu rosto antes do anoitecer. Engenheiro, levamos uma vida que não nos leva a nada, levamos muito tempo pra descobrir, certo? É, rapá, sem você (é foda), aí você precisa de alguém que te dê segurança. Eu também. Engenheiro, pra ser sincero, não espero de você aperto de mãos nem que sejamos bons amigos. Olha, uma luz se apaga no prédio em frente ao meu, será que é ela? Talvez, aí me lembrei: "sempre em frente" foi o conselho que ela nos deu. Cara, quer saber? Que se foda. Afinal, há mais de mil destinos em cada esquina e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar. Então, Engenheiro, o que nos trouxe até aqui: medo ou coragem? Eu não sei, mas eu vou é viver à margem e correr na contramão. E, no fim, que a noite nos traga alívio imediato até porque não somos, meu amigo, nada mais do que frágeis testemunhas de um crime sem perdão. Seríamos mesmo as testemunhas ou os suspeitos de um crime perfeito? Engenheiro, nem eu sei mais para onde ir, só quero que seja longe demais, longe demais das capitais. Isso eu sei porque, nessa cidade em chamas, as chances estão contra nós e sempre estarão. Mas eu não vou fraquejar. Sabe por quê? Porque minhas raízes estão no ar e minha casa é em qualquer lugar.
Esse blog é uma gota de meu sangue, um plasma de meus sentimentos. Poesia, humor, política, dor, frustrações. É um espaço onde sou o que deveria ser ou o que nunca fui. É um lugar onde sou um personagem e uma entidade em vida. Sou um rio e também as pedras. A angústia perdida ou um sorriso espontâneo. Sou eu em múltiplas formas ou em forma alguma.
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quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Ao Engenheiro
Um engenheiro me avisou que a medida de amar é amar sem medida, que é inútil ter certeza, que talvez eu esteja correndo do lado errado. Esse engenheiro me deixou com ciúme porque disse, meu amor, que seus lábios são labirintos, que já te conhecia de outros carnavais, com outras fantasias. Ele mora longe, mas mandou carta para avisar que toda forma de poder é uma forma de morrer por nada, que tudo passa. Esse cara é foda, mesmo de longe fica mandando mensagens, como se fossem garrafas vazias ao mar. Ele disse que não chegou até aqui para desistir agora. Mas se você perguntar por ele, vão dizer que ele anda estranho. Cortou os cabelos, desfez a banda e pegou a estrada com outro cara. Ele agora se diz de poucas vogais, que foi sincero como não se pode ser. Ele diz que é um erro assim, tão vulgar, trocar vidas por diamantes, ser a banda de uma propaganda de refrigerantes. Hei, Engenheiro, eu também não esquento a cabeça, por mais que a gente cresça há sempre alguma coisa que a gente não consegue entender. Eu também não gosto de ver o meu rosto antes do anoitecer. Engenheiro, levamos uma vida que não nos leva a nada, levamos muito tempo pra descobrir, certo? É, rapá, sem você (é foda), aí você precisa de alguém que te dê segurança. Eu também. Engenheiro, pra ser sincero, não espero de você aperto de mãos nem que sejamos bons amigos. Olha, uma luz se apaga no prédio em frente ao meu, será que é ela? Talvez, aí me lembrei: "sempre em frente" foi o conselho que ela nos deu. Cara, quer saber? Que se foda. Afinal, há mais de mil destinos em cada esquina e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar. Então, Engenheiro, o que nos trouxe até aqui: medo ou coragem? Eu não sei, mas eu vou é viver à margem e correr na contramão. E, no fim, que a noite nos traga alívio imediato até porque não somos, meu amigo, nada mais do que frágeis testemunhas de um crime sem perdão. Seríamos mesmo as testemunhas ou os suspeitos de um crime perfeito? Engenheiro, nem eu sei mais para onde ir, só quero que seja longe demais, longe demais das capitais. Isso eu sei porque, nessa cidade em chamas, as chances estão contra nós e sempre estarão. Mas eu não vou fraquejar. Sabe por quê? Porque minhas raízes estão no ar e minha casa é em qualquer lugar.
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