“Quem
sabe eu ainda
Sou
uma garotinha
Esperando
o ônibus
Da
escola, sozinha
Cansada
com minhas
Meias
três quartos
Rezando
baixo
Pelos
cantos
Por
ser uma menina má...”
Composição:
Cazuza / Roberto Frejat
Você não é
mais garotinha. Você sabe bem disso. O ônibus da escola não passa mais e as
meias três quartos nem lhe cabem agora. Você ainda reza pelos cantos, mas nem é
mais por ser uma menina má. Você é, no máximo, uma mulher arrependida. Uma
mulher que perdeu o próprio tempo e o de outras pessoas, fingindo ser o que não
era, fazendo para os outros aquilo que não queria. Você foi mais uma menina
tola do que má. E suas rezas, de que adiantaram, se suas atitudes não mudaram, se
você não o fez com vontade, apenas por obrigação daquilo que ensinaram? Até
para ser má é preciso personalidade, é preciso fazer o que se quer. Quer saber?
Você foi a boazinha, não passou de uma rebelde de causa comprada. O príncipe
não virou um chato, você é que não escolheu aquele a quem queria de verdade.
Mas ainda dá para ser diferente, basta fazer por onde, ter coragem. A
malandragem não virá de graça, você terá que ir buscá-la. Então, vá. Pegue as
chaves do carro, vista o seu espartilho e tome um pileque. Se for mesmo isso
que você quer, é lá que estará lhe esperando seu sapo apaixonado.
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