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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Soberano



Sou do tempo dos pés descalços
Dos beijos e abraços por acaso
Sem muitos motivos ou juízos
Sou do tempo em que palavra bastava
Que assinatura não era necessária
Hoje vejo que tudo é descartável
A declaração de amor, a notícia no jornal
No virar do dia, no virar da página
Nada mais tem o valor exato ou de antes
Sinto um pouco essa insegurança, essa incerteza
Por que será que nada mais é tão sólido?
As convicções, os planos, as conquistas
Tudo parece ser perder, se desmanchar
Feito um castelo de cartas ou poeira ao vento
O aperto de mão nada mais significa?
O beijo na boca é só um instante, um momento?
E a garantia de que tudo seria para sempre?
Será mesmo que somos apenas carbono?
Matéria animada a caminho do inanimado?
Imagino e acredito, de coração, que não.
Seja por teimosia, seja por fantasia
Mas sou como manto alvinegro pendurado no varal
Que luta heroicamente contra a tempestade vindoura
Faço fé no futuro, mas jamais menosprezo o passado
Dar as costas à história é jogar contra nossa própria construção
Que identidade tem quem nega sua origem ou não se firma?
Tomar posição é tomar as rédeas do Destino, ou pelo menos tentar
É assim que vejo tudo, é assim que enfrento meu escuro
É tateando nas sombras que valorizo a luz da sabedoria
Os perigos da vida é que me dão o valor da família
Enfim, embora muito fique para trás para tantos
O que ficou, para mim, ainda está lá, para sempre
E com essa lágrima saudosa escorrendo o olhar
Eu faço respeitosa homenagem a quem comigo batalhou
Tudo o que construímos é perene e inalienável
Tudo o que edificamos é obra da eternidade
E isso me enche de tanto orgulho e esperança
Que vou em frente e à luta
Na plena confiança de que estamos no hoje
Prestando honras ao ontem e lapidando a estrada
Para que o amanhã seja soberano e pleno para todos.

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