Se for para ir, eu vou com tudo. E até o fim, até o fundo. A
conversa aqui jamais é pela metade. Tudo que vivo é no plural e com
intensidade. Copo meio cheio, meio vazio? Deixa disso. Eu encho até o topo e
esvazio em uma virada. É assim que se brinda e assim que se vive. Sou desses
que dão a cara à tapa e que jamais fogem dos desafios. Nem mesmo dos impossíveis.
Aceito até um “não”, mas jamais “nunca”. Meu pessimismo termina quando abro os
olhos de mais um dia de trabalho. Até porque trabalhar é divirto e eu me viro
bem com o que tenho. Minha ambição é ser feliz e não rico. A riqueza que me
basta é a de saúde e a de espírito. Vou indo assim: às vezes caminhando, às vezes
correndo e sempre sorrindo. Que seja sempre assim. Como o Rio Nilo, como a vida
por trás do vidro. Vidros de carros, vidros de janelas, vidros de uma
existência enredomada. Como é bom pular por trás da lógica, dos tabus, das
convenções. Eu gosto de quebrar paredes, desmoronar preconceitos e ruir juízos.
Aliás, juízo que anda em falta, mas não por fazer merda o tempo todo e sim por usá-lo
para não fazê-las. É assim que existo: pensando, socando, suando e jogando. A
vida é esporte, então precisamos marcar pontos. A vida é uma arte, então
devemos representar lindamente. Até mesmo fingir que é dor a dor que deveras
sentimos. Ah, esse Pessoa, tão pessoal em minha e em tantas pessoas. Que bom
chegarmos até aqui. É meio de caminho? Eu ainda acho tudo tão inicial e
enigmático que minha curiosidade se atiça e se atreve a enxergar por baixo do
tapete e atrás da cortina. Que males se escondem? Que segredos se disfarçam? Eu
não estou nem ligando. Desde que haja um mato para admirar, uma mão para
segurar e uma taça para derramar; de resto está tudo certo e tudo belo. A vida
e os dias de vida estão aí para serem apreciados e degustados. Como uma boa
safra de vinho, como uma esplendorosa poesia. Que saibamos saborear as uvas e
letras de todas as horas. Só isso mesmo. Ser feliz é mais simples do que fazer regra
de três. É virar a chave e deixar a correia girar. É mudar o chip e para o amor
ligar. Bora, então; minha gente, ou é preciso desenhar?
Esse blog é uma gota de meu sangue, um plasma de meus sentimentos. Poesia, humor, política, dor, frustrações. É um espaço onde sou o que deveria ser ou o que nunca fui. É um lugar onde sou um personagem e uma entidade em vida. Sou um rio e também as pedras. A angústia perdida ou um sorriso espontâneo. Sou eu em múltiplas formas ou em forma alguma.
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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019
quinta-feira, 5 de dezembro de 2019
Mensageiro do futuro
Vai tomar no cu. Vai se foder. Não tem futuro, caralho. Vocês, com sua ganância e arrogância,
destruíram tudo. Não tem mais floresta, não tem mais ar. Para sobreviver nessa
merda, a gente tem que usar cilindros de oxigênio, carregar como se fosse uma
mochila. E essas porras são caras demais. Só tem quem é rico. Eu sou pobre e
fodido. E aí? Como fico? Água? Seus filhos da puta, vocês poluíram todos os
rios e todos os mares. Tratar água é um luxo. Água potável custa mais do que
petróleo. É servida em banquete de babaca. A gente que é fodido só toma água de
torneira e fica torcendo para não passar mal ou ficar doente. Porque, se ficar,
ferrou. Hospital não atende quem não tem plano e também não tem mais médico
cubano. E se gente for lá reclamar, a polícia chega e mete esculacho. É assim.
Tudo para poucos e nada para tantos. Não tem emprego, só subemprego, onde os patrões
escolhem quais direitos vão respeitar. Escola? Só se você tiver o voucher, que
é limitado e distribuído na base da propina ou do “quem indica”. Se era isso
que vocês queriam, parabéns. Deu tudo certo. Os pobres foram exterminados. Só
sobrou gente de dinheiro e podre de pensamento. Essa carta vem do futuro, mas
poderia vir também da Idade Média. Para quem não tem grana, são realidades
muito parecidas. É isso. É o fim. Venceram o darwinismo social e o apartheid
religioso. Aplausos para os envolvidos.
Brasil, 31 de dezembro de
2022
A Terra e a Vida
A Terra não é plana. A Vida também não é. Então seriam elas
redondas? Prefiro dizer que são profundamente dialéticas. E isso, por si só, já
nos impulsiona, nos pressiona e nos transforma. Vale de incentivo para quem
está por baixo, desolado, excluído. Isso porque, de giro em giro, a Terra e a
Vida podem levar os perdidos a um outro patamar. É a prateleira dos vencedores,
dos gloriosos, daqueles que alcançaram o triunfo. Mas isso não vem de graça. É
preciso se mobilizar, se esforçar, correr atrás. O mesmo se diz para quem está
no privilégio. Por essas voltas e revoltas da existência planetária, o seu
lugar também pode mudar. O topo da pirâmide pode não ser um lugar para sempre.
Inércia e soberba abalam de morte o todo conquistado; os privilegiados de antes
podem se tornar os futuros esquecidos. Antes, o que era luz e flash pode ser em
pouco tempo apenas penumbra e frio. É assim que funciona. A Vida e Terra são
uma gigante gangorra. Elas viram e reviram certezas, verdades e crenças. Entre
a tese e síntese, passando pela antítese, muito pode acontecer e tudo vai
mudar. Podem ter convicção disso. Mesmo sem as provas. E, no fim, o que era
para ser lavado, se tornou vazado; o que era para ser o certo, se tornou o
errado. Hegel não era apenas um filósofo, ele era, muito antes disso, um
profeta, um apóstolo. O que ele escreveu foi a mais universal das leis. “Nada
do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”, é um lindo verso que
parafraseia versículos dialéticos. E fica a lição: a Terra não é plana e a Vida
não é quadrada, mesmo mudando para algo que não é mais como antes, elas se
tornam figuras geométricas de alguns ângulos cada vez menos retos. Ainda sobre
elas, muito vale o que nos ensinou muito sabiamente Tales de Mileto: “todas as
coisas, incluso as inanimadas, estão cheias de vida”. A realidade respira e o
trem volta para a estação, mas diferente, porque diferentes são os passageiros
de cada viagem. “É pau, é a pedra, é o fim do caminho. É um resto de toco, é um
pouco sozinho. É um caco de vidro, é a vida, é o sol. É uma noite, é a morte, é
um laço, é o anzol.” É tudo e nada, passando pelo todo. Sim. Tom Jobim foi mais
um dialético, mais um maluco das incertezas cilíndricas e das letras
orbiculares. Talvez ele já saiba o quanto estamos fodidos. Mas que pelo menos
saibamos que em tudo há Vida e que tudo volta, primeiro como tragédia e depois
como farsa. Ou seja, não há zona de conforto nem mesmo para quem se acha acima
do bem e do mal, além do corpo achatadamente celestial. É a Vida que nos ensina
que a Terra pode até ser muito mais complexa do que surfistas caindo no abismo
do horizonte, do que plantações de maconha em câmpus universitários ou do que
canções dos Beatles doutrinando novos comunistas.
terça-feira, 3 de dezembro de 2019
Querubim
Parecia até um enredo
de comédia romântica, mas era vida real. Minha vida, aliás. A mocinha, linda e
plena, conhece um rapaz tímido, mas do bem. E aí eles se envolvem em um arco
elétrico, tântrico e único. Apaixonam-se e fazem juras. Só que toda comédia
romântica que se preze oferece um anticlímax. Alguém para ameaçar a harmonia do
casal feliz. E esse alguém era uma pessoa indeclinável. Bonito, jovem, bem-sucedido.
Um cara do esporte e que pratica benevolência. Um cara atlético, mas também
muito culto. Um querubim com o corpo de uma divindade grega. Como competir com
esse cara? Com entrar no campo de jogo para desafiá-lo? Ele riria e a puxaria
pelas mãos me deixando sozinho e desolado. E assim foi, só que não desse jeito.
Ele, educado e respeitador, foi conversando aos poucos, sem muito interesse.
Mas depois foi do interesse para o flerte e do flerte para os lençóis. E nessa
história quem acabou tomando o maior lençol fui eu. Tive que vê-la se mudando
para a cidade dele, vivendo para com ele ficar. E eu fiquei sozinho,
perturbado, angustiado. Ela não responde mais minhas mensagens, não me segue em
rede social e ainda me bloqueou em todos canais. E agora, como faço, como me
viro? Eu não tive essa resposta por um bom tempo, coisa de meses, até que o
telefone tocou. Primeiro, sem voz, apenas uma respiração frágil e trêmula.
Depois, as primeiras palavras vieram e, por fim, um convite para um encontro
fortuito. Do fortuito, fomos para a paixão resgatada dos recônditos da saudade.
Novas lágrimas, novos orgasmos, novas dúvidas. Com quem ela vai ficar? Quem ela
quer, afinal? O jogo virou para mim ou perdi de goleada? Quer saber? Nem me
importo mais. A vitória para mim é poder tê-la, mesmo disputando contra o time
mais forte que já enfrentei. Se eu perder, vai ser de peito aberto, atacando o
tempo todo. Mesmo que prevaleça a lógica das casas de apostas e de quem já
entrou em campo com o todo o favoritismo a seu lado. Ainda assim, ficarei de
cabeça erguida e muito vivo. Afinal, a vida não precisa ser sempre uma comédia
romântica, mesmo que às vezes, insistentemente, assim queira ser.
Malditos felinos
Eu sempre fiz caretas para os gatos. Acho que são criaturas
narcisistas, egoístas e extremamente indiferentes. A única vez na vida em que
tive gato terminou mal, e rápido. O danado fugiu de casa sem dar pistas ou
deixar rastros. Depois disso, só abrimos nossas portas para cães. E vieram
muitos: Lady, Pamela, Kita, Raisha, Jeremias e, por fim, Furiosa. Todos bichos
muito singulares entre si, mas bastante amáveis e zelosos. E assim minha vida
se desenhou canina e muito feliz. Recentemente, porém, tive a chance de
conhecer melhor dois bichinhos muito especiais. Jack e Zog (na verdade é Zig,
mas eu chamo de Zog porque eu gostei do nome e para irritar a mãe dele, claro).
Jack é um bebê ainda, mas muito arisco e ousado. Ele, mesmo bem vigiado, se
pendura em beirais, faz estripulias e se aventura nas cobertas e varandas dos
prédios vizinhos. Praticamente um ginasta peludo ou então um adepto do parkour.
O Zog é outro esquema. É criado bem solto, com a porta de casa entreaberta para
sair e voltar quando quiser. Ele passa noites fora e dias inteiros sonecando na
superfície de um sofá bem macio. É manhoso e agarrado com a mãe, como não
costumam ser esses bigodudos. Quase um cachorro que mia, como bem define sua
cuidadora. Demorei para me permitir. Mas
esses felinos me ganharam. Primeiro, com alguns miados tímidos. Depois, com a
ousadia de quem me sobe os ombros como se papagaio fosse. Ainda prefiro os
cães, mas sem dúvidas o Jack e o Zog me fizeram olhar para esses bichinhos um
pouco menos desconfiado e bem mais apaixonado. Eles venceram, enfim. Malditos
felinos.
Segundo sol
Dizem que o astro-rei é único e soberano. Aquela estrela
dourada e fulgorosa que aquece nossos dias é insubstituível e inabalável. Pode
até ser. Também se diz que a virgindade só se perde uma vez. A experiência da
primeira sexualidade e o rito de passagem só podem ser vivenciados em uma única
oportunidade. Não é mentira. Mas podemos questionar essas duas verdades: tanto
a existência de um único sol, como também a vivência de apenas uma virgindade
quebrada. A astronomia, em breve, pode descobrir sim a presença de um novo
corpo solar. E as pessoas podem sim redescobrir uma virgindade e perdê-la
novamente. Já aconteceu comigo, tanto como sendo revirginado quanto como
estando com alguém nessa condição. Explico-me. Fui noivo anos atrás e, depois
do rompimento, me isolei e fiquei por mais de sete meses sem sexo. Quando
aconteceu, foi como um furacão. Conheci uma pessoa legal em uma balada, nos
seduzimos e nos permitimos uma noite de luxúria. Para ela, talvez eu fosse só
mais um. Mas para mim ela foi um momento incrível e especial. Lembro muito bem
de todos os detalhes. Foi uma nova virgindade que se desfez. Como também foram
desfeitas minhas inseguranças e medos de um neófito nas questões da intimidade.
Depois disso, minha rotina sexual voltou ao normal. Porém, tempos recentes me
levaram a conhecer uma mulher muito interessante. Ela, recém-separada, vinha
com todos os ressentimentos e desconfianças de quem encerrou uma relação longa
e complicada. Falamos muito disso. Só que, além das conversas, também tivemos
vontades sexuais, lascivas, voluptuosas. Também falamos disso e resolvemos nos
permitir um mergulho por entre as linhas de nossas intimidades. Não sem antes
conversar de novo. E aí ela me disse que se sentia revirginada, assim como
aconteceu comigo antes. Eu tentei ser o mais empático possível. E tudo
aconteceu maravilhosamente. Um alívio de ambas as partes. Da dela, por
finalmente voltar ao jogo sexual. Da minha, por ter conduzido tudo da melhor
forma, sem criar novos traumas ou neuras. Agora, estamos bem. Conversamos, de
vez em quando nos vemos, sem muito peso ou cobrança. E assim segue a vida.
Sempre nos permitindo novas descobertas, seja ela um sol inesperado ou uma
virgindade que volta à porta como se nunca tivesse deixado de existir. Seja como
for, estejamos preparados e de braços abertos às oportunidades que a vida, por
vezes; maliciosamente, nos traz.
sexta-feira, 29 de novembro de 2019
Nitidez
Vocês
não estão mais juntos
Mas
não é por vaidade ou vontade
E
sim por mais pura necessidade
Vocês
se amam, e muito
Mas
vocês têm objetivos diferentes
Missões
muito distintas entre si
Isso
leva a incompreensões, a atritos
Conduzindo vocês dois à triste condição
De
meros desconhecidos
O
jeito que foi: doído, dolorido, mal resolvido
Levou
vocês dois a um novo momento
A
uma única e incrível condição
Separados,
vocês crescerão, prosperarão
O
que os separa também é o que lá
Na
frente, no futuro, no destemido
Os
tornará vitoriosos, vitorianos e raros
E
aí vocês perceberão que não se trata
De
tempo perdido, de tempos fodidos
E
sim de tempo bem vivido,
De
tempo perfeito, tempo lindo
Que
não lhes trará menos
Do
que um futuro próspero
E
muito nítido
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
Tímido poema
Límpida
criatura vaga
Meus
olhos lhes espreitam, misteriosos
Como
quem com fogo brinca
Como
quem divaga diletantemente sobre o nada
Mas
você é o oposto do nada
Você
é o aposto de toda imensidão visual
Tenho
lábios para beijos lhe enviar
Tenho
mãos para as suas segurar
Tenho
ouvidos para seu brado escutar
Meus
sentidos são todos para lhe perceber
Essa
poesia é o que dedico para minha vida
Que
é você e sempre será
Sou
vassalo de seus desejos
Sou
soldado de seus ímpios comandos
De
mim, tem todos os luxos e luzes
Para
mim, atiça envolvente sedução
Suas
pernas bailam para me ganhar
Seu
corpo em ondas marinhas e vivas
Hipnotiza,
magnetiza, polariza
E
fico aqui, no fim desse tímido poema
Experimentando
o dissabor da distância
Vendo
outra atmosfera tomar seu ar
Enquanto
cá me ligo ao glacial aéreo
Que
me toma os poros e os cômodos da sala
Palavra final
Essa dor e essa
angústia estão lhe comendo em vida. É sério. Não discuta, apenas escute. Você
precisa se livrar desses sentimentos amargos e pesados. Trazê-los contigo é
como carregar pedras. Se você não é construtor, elas não lhe servirão para
fazer casas e sim para ferir os outros. Então, largue-as por aí, desabafe,
converse com alguém de sua confiança. Não é saudável se prender ao que não
acrescenta, ao que não agrega. Liberte-se do que lhe prende. Na maior parte dos
casos você tem em mãos a chave do seu próprio cativeiro. Use-a e seja feliz.
Não importa se o que lhe aprisiona é um emprego, uma dívida ou uma pessoa. A
palavra final é sua e de mais ninguém. Então, por que não exercê-la? Por que
não abrir esses calabouços? Não se esqueça. Seu ato pode servir de inspiração e
de exemplo para outros cativos. Vendo você se soltar, eles podem fazer o mesmo
por emulação, gerando uma corrente positiva e construtiva de liberação
emocional. Vamos lá então? Solte essas pedras, pegue essa chave e destrave a
porta. Bem-vindo ao mundo do livre arbítrio e da independência. Você está
seguro e será muito feliz. Eu garanto.
Singelas linhas
Não tenha medo do
final, do fracasso, do inesperado. A vida é livro aberto, obra em progresso,
jogo indefinido. Portanto, faça a mais, seja diferente, não se contente com
aquilo que só agrada ao olhar alheio. Suas respostas estão escondidas dentro da
própria pergunta, suas dúvidas são sempre resolvidas quando você pensa na
origem da questão. Então, fica assim: sorria, arregace as mangas e se ponha ao
trabalho, seja qual for. O fim, que nunca o é e nunca chega, só lhe oferece a
possibilidade de mudar, de se reinventar, de lançar a sua própria startup. Não
importa a estrada e sim a caminhada. Não tenha preguiça nem coloque a pedra do “é
tarde demais” no trajeto. Seus pés são o mais perfeito meio de transporte que
existe. Assim, use e abuse deles. Enquanto você estiver fazendo sua própria
história, outras histórias irão aparecer e se misturar com sua. Aproveite-as,
explore-as, aprenda com elas. E, dessa forma, percorrendo e se envolvendo,
vivendo e convivendo, você não verá o tempo passar e terá todo o tempo do mundo
para tudo o que quiser. Inclusive, agora, lendo esse texto ou fazendo qualquer
outra coisa que seja, para você, o mais existencial dos exercícios. Recomece,
ressignifique-se, torne-se a mais apaixonada das criaturas. E não precisa ter
filhos, plantar árvores ou escrever livros. Basta fazer aquilo que você ama. O
amor volta para você em dobro, na forma da mais absoluta satisfação. Acredite
em mim ou então peça de volta o tempo gasto lendo essas singelas linhas.
quarta-feira, 20 de novembro de 2019
Consciência
Hoje
é de consciência, de abrir horizontes, ir além das aparências. Hoje é de dia de
negros e pardos lutando do mesmo lado. Dia de todas as raças lutarem pelo fim do preconceito, do desrespeito, do sofrimento. É dia de todos se colocarem no
lugar do outro, de refletirem, de entenderem que por trás de cada negro há uma
história de 300 anos de escravidão e exclusão. Portanto, comecemos agora
combatendo toda forma de racismo e de violência. Mas não só por hoje e sim para
sempre. Para sermos justos, não basta não ser racista; é preciso combater o
racista, não ser indiferente e não ter medo do enfrentamento. Injustiças só são
superadas quando todos se unem por uma causa comum. Exterminar o racismo não é
uma causa dos negros e sim de todas as cores e de todos os povos, passando por
mim, por você e por tudo mundo.
terça-feira, 19 de novembro de 2019
Transformação
Eu sou assim. Sorriso largo,
abraço apertado e, às vezes, beijo disfarçado. Eu sou assim. E nada faço para
ser diferente. E é porque não quero nem preciso. Sou o que se vê ao nítido, o
espelho refletido, a lágrima do incontido. E assim serei. Sem amarras, sem
frescuras, sem neuras. Eu acordo, abro olhos, tendo entender onde estou e
depois sigo em frente, traçando meu mapa enquanto percorro o próprio caminho. Minhas
melhores aventuras não aconteceram sob encomenda ou devidamente planejadas.
Foram experiências que apareceram do nada e me arrebataram como um carma. E eu
adorei tudo. Até mesmo o que machucou porque ali algo aprendi. E assim vou.
Motores ligados, vidros abertos e som no máximo. No caminho, o que eu encontrar
é sempre desatino ou, quem sabe, golpe de mestre desse incensado Destino. Eu
não tenho medo, eu não ligo para o perigo. Meu maior risco é ficar parado
enquanto o tempo passa e nada acontece por inércia e também merecido castigo.
Eu não quero isso. Viver é ser livre, é respirar pelo espírito. Quem muito
pondera nada celebra. Quem muito enxerga nada observa. Sou muito mais do que
cinco sentidos, muito mais do que do abismo fugitivo. Sou aquele cara parado na
esquina, sou o cão que foge sem saber o caminho de volta. Sou o fogo que queima
a água, a água que derrete a terra, o terra que banha o mar. Sou assim, um
tanto verdade e muito da mentira. Porque a verdade vai além da verdade, da
vaidade, da veleidade. A verdade vai onde está a vontade, onde coração palpita.
Eu sou assim. Olhos que gritam, bocas que alimentam, pulmões que pulsam, ouvidos
que transpiram. Não tenho nada a ver com as certezas platinadas de um sucesso.
Meu êxito é ser, ainda que em fracasso, espontâneo e poético, cruel e
romântico, visceral e atlântico. E assim, até que enfim, entre as flores de um
jardim, acharei o significado de tudo e de todos os boatos. Do tanto dito e do
infinito não confesso, o real valor de todas as somas é a estrada que me trouxe
ao limite e tudo que dela absorvi. No fim, eu sou mais o caminho percorrido do
que todo o tempo engolido. Sou mais aquilo que pisei do que no que me
transformei.
quarta-feira, 13 de novembro de 2019
Vendaval
Divisão
nunca trouxe solução
Hoje
tudo é assim: fragmentado e binário
Não
há meio termo ou senso comum
É
tudo ou nada, dente ou faca
E
nesse vendaval de intolerância
Amizades
foram quebradas
Mágoas
foram reveladas
E
ninguém ganhou nada com isso
Ainda
pergunto, um tanto incrédulo
Onde
isso faz sentido? Onde isso é bom?
No
fim, estamos, assim, perdidos, brigados, fodidos
Lutando
capoeira contra a própria sombra
Correndo
como cão atrás da cauda
E
nada encontramos, nada fazemos
Então
vamos ter lucidez
Defender
nossas posições com isenção
Sempre
aceitando o contraditório, o alheio
Porque,
no fim, só lucram com a guerra
Os
vendedores de armas e os vencedores
Mas
um país tão complicado quanto o nosso
Precisa
também lidar com os vencidos e os oprimidos
É
bom quando nos colocamos no lugar do outro
Empatia
e solidariedade nunca fazem mal
A
não ser para quem traz o ódio como ato político
Porque
não tem nada mais para oferecer
A
quem ainda insiste em lhe emprestar um pingo de atenção
Outubro
Eu deixo você ir
Não porque eu quero
Quero é seu bem, sua
felicidade
Mas isso não está
acontecendo
Você perdeu seu brilho no
olhar
A vontade de viver e de
lutar
Comigo, você apenas
sobrevive
Um dia após o outro
Sem empolgação, sem
entusiasmo
Nem parecemos mais nós
mesmos
Algo se perdeu, algo se
soltou
Não temos mais o mesmo
encanto
Não temos mais a mesma
poesia
Estou fazendo de você
alguém menor
Não por querer, mas por
conviver
Então, deixo você ir
Sei que lágrimas vão cair
Sei que seremos desespero
Mas quanto tudo isso
passar
Você vai entender, vai
acordar
E aí seremos livres
Para seguirmos em frente
Sem mágoas e sem abismos
E torcendo um pelo outro
Porque de nós o que fica
Mais do que as páginas
coloridas
É o amor ou quase amor
Que nos uniu e nos juntou
No outubro de uma noite
fria
Que ainda aquece nossos
corações
Rejeição
Meus olhos são seus
Meu coração é seu
E tudo mais que tenho e
carrego
Também é seu por direito
Mas o direito que você não
tem
É de abusar e de usurpar
De sumir sem deixar pistas
E depois aparecer como se
nada fosse
Você me tem, mas não é meu
dono
Ainda tem de mim tudo o
que quiser
Mas não para todo o sempre
E se algum dia, quando já
tiver perdido
Ainda tentar me recuperar
Com lágrimas e olhos de
crocodilo
Saiba que aí já estará
tudo decidido
E não na forma de um beijo
redentor
E sim na de uma
angustiante rejeição
Ainda que me cause a
mais profunda dor
E a mais profunda
depressão
terça-feira, 12 de novembro de 2019
Antigo retrato
De
todas as coisas que eu não disse, o pior foi não dizer que eu me importava, que
eu sentia a mesma emoção, que meu coração já era seu muito antes de eu saber. Tudo
parecia só sexo, só instinto, um choque animal. Apesar do prazer e do orgasmo,
éramos muito mais do que o sexo-ato. Tínhamos ainda tanto a conhecer um do
outro, tantas camadas a descobrir sob doces encantos. Mas você não me esperou.
Deixou um gosto amargo de saudade nas minhas tardes e um desejo exposto nas
minhas noites tão incríveis. Tentei com outras pessoas, tentei em outros
corações buscar abrigo, aconchego, mas tudo que encontrei foi um vazio de não
ter ali ao lado seu corpo aquecido e seus cabelos enroscados junto aos meus braços.
Acordo, então, na ressaca, mas não de bebida e sim de melancolia. Meus dedos
inquietos buscam o aparelho e ligo para seu número atrás do algarismo que me
falta na mais perfeita equação. Do outro lado, escuto seu soluço aflito antes
do ruído fatal. Mas uma vez você interrompeu meu desejo, meu deixou por um fio.
Não sei mais por que tanto insisto. Se você não quer, por que não consigo
deixar para lá? Por que não ofereço o mesmo vazio, a mesma maldade? Eu não
compreendo, mas se eu compreendesse é muito certo que não estaríamos assim tão
perdidos nessa álgebra imperfeita, nesse espelho quebrado, que, mesmo fragmentado,
ainda persisti em refletir aquele nosso antigo retrato.
Aprendizado
Ela
me beijou pela última vez, antes de ir embora. Deixou para trás um vácuo de
saudades e dores repartidas. Ainda sozinho, entre as penumbras e as sombras,
fico recordando como tudo se deu, como tudo mudou da magia para a tragédia. Não
sei como pude me perder, como pude enveredar por entre descaminhos e labirintos.
No fundo, de tudo que perdi, perdi a mim mesmo. Perdi a alegria de sorrir, a
vontade de cantar e a luxúria pela escrita. Tudo que escrevo agora são linhas
mentais e imaginárias que telepaticamente envio para minha antiga amada, como
forma de perdão, como sussurrada depressão. Os dias passam, às vezes lentos, às
vezes como um raio. Em muitos deles me deito e engulo a dor em forma engarrafada.
O luto se perde em ressaca, em noite mal dormida, em manhã de dores e de
agonia. Como ferro corroído, a dor instalada também se transforma. E essa nova
forma ainda é enigma, ainda é incógnita. Não sei dela o que fazer nem mesmo o
porquê de algo fazer. Só sei que vou indo, luz após luz, luar após luar,
andando em frente, mas um tanto devagar. Talvez de tanto divagar, as respostas
que tanto procuro me apareçam e aí esse triste pesadelo será tanto peso como um
elo para algo que vivi e que com quem muito aprendi.
Pêndulo insone
Quando a vida passa, não resta mais do que ficou
Quando tempo demora, resta nada mais do impaciente
E esse tempo que passa e esse tempo que fica
Em algum momento da existência dialética
Enfeixam-se, se cruzam e encontram fronteiras
Ou seriam não mais do que sólidas barreiras?
Seja como for, há de se aprender algo com eles
Do que passou, talvez fique a lição do
arrependimento
Do que custa a passar, herda-se a noção do
planejamento
E, assim, planejando em cima do que se arrependeu
Talvez daí se extraia a mais valiosa das lições
Porque não há tempo perfeito nem tempo perdido
O tempo passa e o tempo vem, como pêndulo insone
A nós resta balançar com esse pêndulo, aprendendo
O valor dos minutos que passaram
E a riqueza dos minutos que virão
No saldo desse ponteiro é que advirá
Tudo que temos por mérito construído
Sem mais tempo a perder,
sem mais tempo a chorar
terça-feira, 29 de outubro de 2019
Quem escreve
Nunca abra mão de quem você
ama. Brigas e desentendimentos vêm e vão. São arestas que lapidam uma relação
duradoura e funcional. Mas o Amor sempre prevalece. E prevalece porque é
transcendental. Vem de outras vidas, de outros carnavais. Não sabemos disso
porque nos contam e sim porque sentimos. É algo que vai além, que atravessa
paredes e fronteiras. É o que nos arranca lágrimas de desespero e sorrisos de
incontida alegria. Amar são trevas e fogos. Mas não o Inferno em si e sim o
inferno de uma paixão. Queimamos por dentro. Queimamos por fora. Queimamos de
tesão e também de compaixão. O Amor são linhas tortas de um texto perfeito. O
abraço preciso que resolve qualquer mal entendido. É sério. Não erre. Lute por quem você ama. Depois que passa, depois que cessa; ficam só o peito
ferido e o tempo perdido. Seja melhor do que isso. Lute, resista,
insista. A aposta mais certeira dessa vida é aquela feita com o coração. Quem
joga não ganha dinheiro e sim o par perfeito. Aquela companhia constante e etérea. Não há palavras para definir.
Apenas se sente e se pressente. Então, não perca tempo. Lance-se de braços
abertos e coração ereto. Quem ama se entrega. Quem ama não tem medo. O único
ferimento que se pode ter por amar é o arrependimento por não fazer aquilo que
deveria ser feito. Aqui é vivo testemunho, por carne e por carma, de quem tristemente escreve esse texto.
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
Que mal?
Que mal há em um homem
namorar outro homem, em uma mulher acarinhar outra mulher? Que mal há em se ver um
médico negro ou um gari branco? Que mal há em um homem se vestir como mulher ou
em uma mulher se identificar com os atributos masculinos? Que mal há em uma pessoa
frequentar um terreiro e seguir religiões de matriz africana? Que mal há em uma
mulher, assim como os homens fazem, sair para a balada, se divertir e beijar
quantas pessoas quiser? Que mal há em se dividir um assento de avião com alguém
de classe econômica inferior? Que mal há em uma faxineira ter seus filhos cursando
faculdade? Que mal há em um mundo melhor e mais inclusivo? O único mal nisso
tudo é quem não aceita o outro e seus respectivos direitos por, no fundo, não
aceitar a si próprio.
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
Imortal caturrice
Depois de sofrer uma derrota
doída para o Bahia (0x1), dentro do Olímpico, no último dia 16, pelo Campeonato
Brasileiro, Renato Portaluppi mais uma vez misturou o personagem com o
treinador. Sem autocrítica e nenhuma reflexão válida sobre aquele jogo, desmereceu
a vitória do esquadrão baiano e ainda disse que só Flamengo, Santos, Athletico-PR
e o próprio Grêmio jogam para vencer no futebol brasileiro. Mera bravata. O Grêmio
jamais pode ser colocado como um time que joga para vencer sempre, pois, do
contrário, competiria em todas as partidas de todos os campeonatos com força
máxima. E, na verdade, o Grêmio é um dos clubes que mais desnivela o certame
nacional ao abrir mão de performar com seus titulares. Isso fez com que a
equipe se afastasse assustadoramente do G4 da atual edição do Brasileirão. Mas
nenhum problema. Para Renato, a vaga gremista para a Libertadores/2020 viria através
do título da Libertadores/2019. Só que não veio. E antes da surra que o Grêmio
sofreu no Maracanã, Renato, mais uma vez, “descansou” seu time na rodada do
último fim de semana do Campeonato Brasileiro. Resultado: derrota diante do
limitado Fortaleza. Além disso, por questão de “atraso” no voo para o Rio, o
elenco gremista ganhou “folga” domingo passado e Renato pôde até bater uma
bolinha na praia com seus colegas de beira-mar. Enquanto isso, o Flamengo
jogava o clássico contra o Fluminense com força máxima e moldando já o que
seria feito na batalha decisiva pela Libertadores. E, assim, descansados e com treinos
de menos, os atletas do Renato foram a campo. Inacreditavelmente, André “Balada”
estava no comando de ataque. Fazendo-lhe companhia, o inoperante Alisson,
jogador sem personalidade e que só faz correr. Somando fator ao desastre, temos
também Paulo Miranda, horroroso na zaga e pior ainda na lateral-direita. Também
não pode ser esquecida a escolha por Michel, volante desajeitado e preguiçoso
na marcação. A cereja do bolo foi Paulo Victor no gol. É uma heresia o sucessor
do excelente Marcelo Grohe ser um arqueiro tão inábil. PV, como gosta de ser
chamado, é ruim na saída de gol, na reposição de bola, nas defesas em dois
tempos e nos encaixes de arremates. É incrível como conseguiu se tornar um atleta
profissional. Faltam-lhe talento, disposição, reflexos ágeis e treinamento
específico. Titular para além dos muros gremistas, PV só conseguiria nas
peladas de fim de semana ou nos confrontos de casados contra solteiros. Como já
estava desenhado, veio a catastrófica atuação tricolor. O Flamengo fez quantos
gols quis e como quis. Se quisessem, os rubro-negros poderiam até pegar
emprestada uma torcedora “grávida” para ajudar a balançar o barbante gaúcho. O
mais grave é que mesmo depois desse banho de preparação, de tática, de foco e
de treinamento que sofreu de seu contraparte português, Renato não aprenderá a
lição. Vai continuar achando seu time a reinvenção do futebol, vai continuar acreditando
que pode usar seu toque de Midas para transformar “Andrés Baladas” em jogadores
de alto nível, vai seguir “poupando” seus atletas-bibelôs e também continuará
transferindo os sintomas de que seu time está mal para episódios pontuais. Foi
assim que ele falou quando o Grêmio perdeu para o Fluminense nessa edição do
Campeonato Brasileiro, sofrendo inacreditáveis 5 gols dentro do Olímpico. Para
Renato, foi algo esporádico, explicado na base do “demos mole”. Sim, Renato continuará
“dando mole” e sofrendo com as “mulheres grávidas” goleadoras porque é incapaz
de fazer uma análise sobre si mesmo e sobre o próprio trabalho. O pior é que,
no meio desse temporal, ele arrastará para o ralo consigo o “Imortal” tricolor.
É uma pena, mas também uma consequência óbvia de escolhas erradas e de muita
teimosia. É o Renato Portaluppi se aproximando terrivelmente da sombra do
Dunga. Dois gaúchos que podem mesmo morrer abraçados por serem vítimas dos
próprios caprichos e de uma imortal caturrice.
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
Amigos sumidos
Você já teve algum
amigo que, sem razão alguma, sumiu da sua vida? Você tem algum amigo que sempre
diz “Está sumido, hein, cara?”, mas que nunca liga nem manda mensagens? Ou
então aquele amigo que começa a namorar e some sem deixar pistas? Ou aquele
outro que nunca tem tempo para nada além de si mesmo? Pois é, todos temos
alguém na nossa vida se encaixa justamente em uma dessas situações descritas aí
em cima. Mas qual o problema disso? O problema é você se sentir mal ou
desconfiado de si mesmo quando algum amigo seu se afasta. Se você cometeu algum
erro com ele, ele, como seu amigo, lhe dirá para você ter a chance de pedir
desculpas e reparar a ofensa. Mas quase nunca é assim. Quando seu amigo some,
some porque você não se encaixa mais no estilo de vida que ele quer seguir. Em
outras palavras, quando vocês eram inseparáveis, ele não enxergava em você
valor, apenas utilidade. A partir do momento em que você não tem mais utilidade,
ele some porque outras pessoas agora ocupam esse espaço. Logo, você precisa
entender de uma vez por todas: se ele nunca enxergou seu valor, então, essa
pessoa nunca foi sua amiga. E distanciar-se voluntariamente é um favor que essa
pessoa faz. Só não é aceitável que você caia na armadilha de dar nova chance
quando for procurado novamente. Lembre-se: ele só quer sua utilidade, só quer
um “quebra-galho”. Você e cada um de nós somos muito mais do que isso.
Portanto, não tenha receio de dizer um sonoro “não” quando esses amigos sumidos
voltarem à cena. Quem conhece seu próprio valor jamais pode aceitar o papel de
utilitário na vida alheia. E, assim, reconhecendo e reclamando por seu próprio
valor, você terá na sua vida só mesmo quem merece, quem tem valor e também é
capaz de enxergar o valor alheio.
Momentos e sentimentos
São momentos que constroem os sentimentos e não o contrário. Se eu sinto, eu estou junto; mas, para sentir, é primeiro preciso fazer companhia e aprender a gostar da companhia. Esse é o segredo, a explicação de o porquê algo não ter dado certo entre duas pessoas. Por mais que os momentos tenham sido ótimos, nem sempre eles levam aos sentimentos do amor e da afeição. Os momentos que não se tornam sentimentos acabam por se transformar em relações vazias e líquidas. Então é isso, por entre mortos e feridos, não há um único culpado, uma vilania oculta por trás do desacerto. Muitas vezes, não tinha que ser ali, naquele momento, com aquela pessoa. Maktub. O importante é sempre termos a capacidade de nos reconstruirmos para merecer nossa própria felicidade. E até sermos felizes, ainda nos depararemos com muitos erros para, enfim, confrontar o acerto definitivo. Então, um brinde à vida e que sigamos na busca pelo sentimento que nos virá através da soma de tantos momentos sublimes e mágicos.
terça-feira, 15 de outubro de 2019
Intermediários do Destino
Ensinar
é reformar consciências, transformar sonhos e gerar mentes tão curiosas quanto
independentes. Quando estamos professores, estamos criando uma nova forma de
interagir com mundo, de se colocar na sociedade e de pensar sobre o agir. Ser
professor é influenciar uma decisão que nem mal sabíamos ter nela algum tipo de
contribuição. Como professores, somos mercadores de esperanças e de futuros.
Lecionamos com a alma porque só dela pode advir o fluxo libertador, o éden do
conhecimento e a interrogação sobre não mais o que fazer com caixa e sim sobre se ela
é realmente necessária. Professores somos responsáveis por fazer dessa terra um
plano melhor. Mas redondamente se engana quem acha que é sobre isso que
debruçamos. As informações estão nos livros e na internet. Não somos, por
dedução, máquinas de consulta, informantes do universo. Somos algo muito mais
sutil e poderoso, somos um elo entre quem ainda será e quem já é, somos o túnel
que liga o processo ao produto, somos a soma do desejo de termos um amanhã melhor
para justamente quem estará aqui para desfrutar dele. Somos uma parte
gigantesca de quem pode salvar o planeta ou enterrá-lo de vez. É uma
responsabilidade monumental e também uma recompensa inexprimível estar entre quem
aprende e quem pratica. E, por sermos intermediários do Destino, temos tanto
compromisso e tanto sorriso para lutar por aqueles que tanto precisam de nós.
Feliz Dia dos Professores a todos nós.
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