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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Regra de três



Se for para ir, eu vou com tudo. E até o fim, até o fundo. A conversa aqui jamais é pela metade. Tudo que vivo é no plural e com intensidade. Copo meio cheio, meio vazio? Deixa disso. Eu encho até o topo e esvazio em uma virada. É assim que se brinda e assim que se vive. Sou desses que dão a cara à tapa e que jamais fogem dos desafios. Nem mesmo dos impossíveis. Aceito até um “não”, mas jamais “nunca”. Meu pessimismo termina quando abro os olhos de mais um dia de trabalho. Até porque trabalhar é divirto e eu me viro bem com o que tenho. Minha ambição é ser feliz e não rico. A riqueza que me basta é a de saúde e a de espírito. Vou indo assim: às vezes caminhando, às vezes correndo e sempre sorrindo. Que seja sempre assim. Como o Rio Nilo, como a vida por trás do vidro. Vidros de carros, vidros de janelas, vidros de uma existência enredomada. Como é bom pular por trás da lógica, dos tabus, das convenções. Eu gosto de quebrar paredes, desmoronar preconceitos e ruir juízos. Aliás, juízo que anda em falta, mas não por fazer merda o tempo todo e sim por usá-lo para não fazê-las. É assim que existo: pensando, socando, suando e jogando. A vida é esporte, então precisamos marcar pontos. A vida é uma arte, então devemos representar lindamente. Até mesmo fingir que é dor a dor que deveras sentimos. Ah, esse Pessoa, tão pessoal em minha e em tantas pessoas. Que bom chegarmos até aqui. É meio de caminho? Eu ainda acho tudo tão inicial e enigmático que minha curiosidade se atiça e se atreve a enxergar por baixo do tapete e atrás da cortina. Que males se escondem? Que segredos se disfarçam? Eu não estou nem ligando. Desde que haja um mato para admirar, uma mão para segurar e uma taça para derramar; de resto está tudo certo e tudo belo. A vida e os dias de vida estão aí para serem apreciados e degustados. Como uma boa safra de vinho, como uma esplendorosa poesia. Que saibamos saborear as uvas e letras de todas as horas. Só isso mesmo. Ser feliz é mais simples do que fazer regra de três. É virar a chave e deixar a correia girar. É mudar o chip e para o amor ligar. Bora, então; minha gente, ou é preciso desenhar?  

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Mensageiro do futuro



Vai tomar no cu. Vai se foder. Não tem futuro, caralho. Vocês, com sua ganância e arrogância, destruíram tudo. Não tem mais floresta, não tem mais ar. Para sobreviver nessa merda, a gente tem que usar cilindros de oxigênio, carregar como se fosse uma mochila. E essas porras são caras demais. Só tem quem é rico. Eu sou pobre e fodido. E aí? Como fico? Água? Seus filhos da puta, vocês poluíram todos os rios e todos os mares. Tratar água é um luxo. Água potável custa mais do que petróleo. É servida em banquete de babaca. A gente que é fodido só toma água de torneira e fica torcendo para não passar mal ou ficar doente. Porque, se ficar, ferrou. Hospital não atende quem não tem plano e também não tem mais médico cubano. E se gente for lá reclamar, a polícia chega e mete esculacho. É assim. Tudo para poucos e nada para tantos. Não tem emprego, só subemprego, onde os patrões escolhem quais direitos vão respeitar. Escola? Só se você tiver o voucher, que é limitado e distribuído na base da propina ou do “quem indica”. Se era isso que vocês queriam, parabéns. Deu tudo certo. Os pobres foram exterminados. Só sobrou gente de dinheiro e podre de pensamento. Essa carta vem do futuro, mas poderia vir também da Idade Média. Para quem não tem grana, são realidades muito parecidas. É isso. É o fim. Venceram o darwinismo social e o apartheid religioso. Aplausos para os envolvidos.

Brasil, 31 de dezembro de 2022

A Terra e a Vida



A Terra não é plana. A Vida também não é. Então seriam elas redondas? Prefiro dizer que são profundamente dialéticas. E isso, por si só, já nos impulsiona, nos pressiona e nos transforma. Vale de incentivo para quem está por baixo, desolado, excluído. Isso porque, de giro em giro, a Terra e a Vida podem levar os perdidos a um outro patamar. É a prateleira dos vencedores, dos gloriosos, daqueles que alcançaram o triunfo. Mas isso não vem de graça. É preciso se mobilizar, se esforçar, correr atrás. O mesmo se diz para quem está no privilégio. Por essas voltas e revoltas da existência planetária, o seu lugar também pode mudar. O topo da pirâmide pode não ser um lugar para sempre. Inércia e soberba abalam de morte o todo conquistado; os privilegiados de antes podem se tornar os futuros esquecidos. Antes, o que era luz e flash pode ser em pouco tempo apenas penumbra e frio. É assim que funciona. A Vida e Terra são uma gigante gangorra. Elas viram e reviram certezas, verdades e crenças. Entre a tese e síntese, passando pela antítese, muito pode acontecer e tudo vai mudar. Podem ter convicção disso. Mesmo sem as provas. E, no fim, o que era para ser lavado, se tornou vazado; o que era para ser o certo, se tornou o errado. Hegel não era apenas um filósofo, ele era, muito antes disso, um profeta, um apóstolo. O que ele escreveu foi a mais universal das leis. “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”, é um lindo verso que parafraseia versículos dialéticos. E fica a lição: a Terra não é plana e a Vida não é quadrada, mesmo mudando para algo que não é mais como antes, elas se tornam figuras geométricas de alguns ângulos cada vez menos retos. Ainda sobre elas, muito vale o que nos ensinou muito sabiamente Tales de Mileto: “todas as coisas, incluso as inanimadas, estão cheias de vida”. A realidade respira e o trem volta para a estação, mas diferente, porque diferentes são os passageiros de cada viagem. “É pau, é a pedra, é o fim do caminho. É um resto de toco, é um pouco sozinho. É um caco de vidro, é a vida, é o sol. É uma noite, é a morte, é um laço, é o anzol.” É tudo e nada, passando pelo todo. Sim. Tom Jobim foi mais um dialético, mais um maluco das incertezas cilíndricas e das letras orbiculares. Talvez ele já saiba o quanto estamos fodidos. Mas que pelo menos saibamos que em tudo há Vida e que tudo volta, primeiro como tragédia e depois como farsa. Ou seja, não há zona de conforto nem mesmo para quem se acha acima do bem e do mal, além do corpo achatadamente celestial. É a Vida que nos ensina que a Terra pode até ser muito mais complexa do que surfistas caindo no abismo do horizonte, do que plantações de maconha em câmpus universitários ou do que canções dos Beatles doutrinando novos comunistas.



terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Querubim



Parecia até um enredo de comédia romântica, mas era vida real. Minha vida, aliás. A mocinha, linda e plena, conhece um rapaz tímido, mas do bem. E aí eles se envolvem em um arco elétrico, tântrico e único. Apaixonam-se e fazem juras. Só que toda comédia romântica que se preze oferece um anticlímax. Alguém para ameaçar a harmonia do casal feliz. E esse alguém era uma pessoa indeclinável. Bonito, jovem, bem-sucedido. Um cara do esporte e que pratica benevolência. Um cara atlético, mas também muito culto. Um querubim com o corpo de uma divindade grega. Como competir com esse cara? Com entrar no campo de jogo para desafiá-lo? Ele riria e a puxaria pelas mãos me deixando sozinho e desolado. E assim foi, só que não desse jeito. Ele, educado e respeitador, foi conversando aos poucos, sem muito interesse. Mas depois foi do interesse para o flerte e do flerte para os lençóis. E nessa história quem acabou tomando o maior lençol fui eu. Tive que vê-la se mudando para a cidade dele, vivendo para com ele ficar. E eu fiquei sozinho, perturbado, angustiado. Ela não responde mais minhas mensagens, não me segue em rede social e ainda me bloqueou em todos canais. E agora, como faço, como me viro? Eu não tive essa resposta por um bom tempo, coisa de meses, até que o telefone tocou. Primeiro, sem voz, apenas uma respiração frágil e trêmula. Depois, as primeiras palavras vieram e, por fim, um convite para um encontro fortuito. Do fortuito, fomos para a paixão resgatada dos recônditos da saudade. Novas lágrimas, novos orgasmos, novas dúvidas. Com quem ela vai ficar? Quem ela quer, afinal? O jogo virou para mim ou perdi de goleada? Quer saber? Nem me importo mais. A vitória para mim é poder tê-la, mesmo disputando contra o time mais forte que já enfrentei. Se eu perder, vai ser de peito aberto, atacando o tempo todo. Mesmo que prevaleça a lógica das casas de apostas e de quem já entrou em campo com o todo o favoritismo a seu lado. Ainda assim, ficarei de cabeça erguida e muito vivo. Afinal, a vida não precisa ser sempre uma comédia romântica, mesmo que às vezes, insistentemente, assim queira ser.



Malditos felinos



Eu sempre fiz caretas para os gatos. Acho que são criaturas narcisistas, egoístas e extremamente indiferentes. A única vez na vida em que tive gato terminou mal, e rápido. O danado fugiu de casa sem dar pistas ou deixar rastros. Depois disso, só abrimos nossas portas para cães. E vieram muitos: Lady, Pamela, Kita, Raisha, Jeremias e, por fim, Furiosa. Todos bichos muito singulares entre si, mas bastante amáveis e zelosos. E assim minha vida se desenhou canina e muito feliz. Recentemente, porém, tive a chance de conhecer melhor dois bichinhos muito especiais. Jack e Zog (na verdade é Zig, mas eu chamo de Zog porque eu gostei do nome e para irritar a mãe dele, claro). Jack é um bebê ainda, mas muito arisco e ousado. Ele, mesmo bem vigiado, se pendura em beirais, faz estripulias e se aventura nas cobertas e varandas dos prédios vizinhos. Praticamente um ginasta peludo ou então um adepto do parkour. O Zog é outro esquema. É criado bem solto, com a porta de casa entreaberta para sair e voltar quando quiser. Ele passa noites fora e dias inteiros sonecando na superfície de um sofá bem macio. É manhoso e agarrado com a mãe, como não costumam ser esses bigodudos. Quase um cachorro que mia, como bem define sua cuidadora. Demorei para  me permitir. Mas esses felinos me ganharam. Primeiro, com alguns miados tímidos. Depois, com a ousadia de quem me sobe os ombros como se papagaio fosse. Ainda prefiro os cães, mas sem dúvidas o Jack e o Zog me fizeram olhar para esses bichinhos um pouco menos desconfiado e bem mais apaixonado. Eles venceram, enfim. Malditos felinos.


Segundo sol



Dizem que o astro-rei é único e soberano. Aquela estrela dourada e fulgorosa que aquece nossos dias é insubstituível e inabalável. Pode até ser. Também se diz que a virgindade só se perde uma vez. A experiência da primeira sexualidade e o rito de passagem só podem ser vivenciados em uma única oportunidade. Não é mentira. Mas podemos questionar essas duas verdades: tanto a existência de um único sol, como também a vivência de apenas uma virgindade quebrada. A astronomia, em breve, pode descobrir sim a presença de um novo corpo solar. E as pessoas podem sim redescobrir uma virgindade e perdê-la novamente. Já aconteceu comigo, tanto como sendo revirginado quanto como estando com alguém nessa condição. Explico-me. Fui noivo anos atrás e, depois do rompimento, me isolei e fiquei por mais de sete meses sem sexo. Quando aconteceu, foi como um furacão. Conheci uma pessoa legal em uma balada, nos seduzimos e nos permitimos uma noite de luxúria. Para ela, talvez eu fosse só mais um. Mas para mim ela foi um momento incrível e especial. Lembro muito bem de todos os detalhes. Foi uma nova virgindade que se desfez. Como também foram desfeitas minhas inseguranças e medos de um neófito nas questões da intimidade. Depois disso, minha rotina sexual voltou ao normal. Porém, tempos recentes me levaram a conhecer uma mulher muito interessante. Ela, recém-separada, vinha com todos os ressentimentos e desconfianças de quem encerrou uma relação longa e complicada. Falamos muito disso. Só que, além das conversas, também tivemos vontades sexuais, lascivas, voluptuosas. Também falamos disso e resolvemos nos permitir um mergulho por entre as linhas de nossas intimidades. Não sem antes conversar de novo. E aí ela me disse que se sentia revirginada, assim como aconteceu comigo antes. Eu tentei ser o mais empático possível. E tudo aconteceu maravilhosamente. Um alívio de ambas as partes. Da dela, por finalmente voltar ao jogo sexual. Da minha, por ter conduzido tudo da melhor forma, sem criar novos traumas ou neuras. Agora, estamos bem. Conversamos, de vez em quando nos vemos, sem muito peso ou cobrança. E assim segue a vida. Sempre nos permitindo novas descobertas, seja ela um sol inesperado ou uma virgindade que volta à porta como se nunca tivesse deixado de existir. Seja como for, estejamos preparados e de braços abertos às oportunidades que a vida, por vezes; maliciosamente, nos traz.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Nitidez



Vocês não estão mais juntos
Mas não é por vaidade ou vontade
E sim por mais pura necessidade
Vocês se amam, e muito
Mas vocês têm objetivos diferentes
Missões muito distintas entre si
Isso leva a incompreensões, a atritos
Conduzindo vocês dois à triste condição
De meros desconhecidos
O jeito que foi: doído, dolorido, mal resolvido
Levou vocês dois a um novo momento
A uma única e incrível condição
Separados, vocês crescerão, prosperarão
O que os separa também é o que lá
Na frente, no futuro, no destemido
Os tornará vitoriosos, vitorianos e raros
E aí vocês perceberão que não se trata
De tempo perdido, de tempos fodidos
E sim de tempo bem vivido,
De tempo perfeito, tempo lindo
Que não lhes trará menos
Do que um futuro próspero
E muito nítido

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Tímido poema



Límpida criatura vaga
Meus olhos lhes espreitam, misteriosos
Como quem com fogo brinca
Como quem divaga diletantemente sobre o nada
Mas você é o oposto do nada
Você é o aposto de toda imensidão visual
Tenho lábios para beijos lhe enviar
Tenho mãos para as suas segurar
Tenho ouvidos para seu brado escutar
Meus sentidos são todos para lhe perceber
Essa poesia é o que dedico para minha vida
Que é você e sempre será
Sou vassalo de seus desejos
Sou soldado de seus ímpios comandos
De mim, tem todos os luxos e luzes
Para mim, atiça envolvente sedução
Suas pernas bailam para me ganhar
Seu corpo em ondas marinhas e vivas
Hipnotiza, magnetiza, polariza
E fico aqui, no fim desse tímido poema
Experimentando o dissabor da distância
Vendo outra atmosfera tomar seu ar
Enquanto cá me ligo ao glacial aéreo
Que me toma os poros e os cômodos da sala

Palavra final



Essa dor e essa angústia estão lhe comendo em vida. É sério. Não discuta, apenas escute. Você precisa se livrar desses sentimentos amargos e pesados. Trazê-los contigo é como carregar pedras. Se você não é construtor, elas não lhe servirão para fazer casas e sim para ferir os outros. Então, largue-as por aí, desabafe, converse com alguém de sua confiança. Não é saudável se prender ao que não acrescenta, ao que não agrega. Liberte-se do que lhe prende. Na maior parte dos casos você tem em mãos a chave do seu próprio cativeiro. Use-a e seja feliz. Não importa se o que lhe aprisiona é um emprego, uma dívida ou uma pessoa. A palavra final é sua e de mais ninguém. Então, por que não exercê-la? Por que não abrir esses calabouços? Não se esqueça. Seu ato pode servir de inspiração e de exemplo para outros cativos. Vendo você se soltar, eles podem fazer o mesmo por emulação, gerando uma corrente positiva e construtiva de liberação emocional. Vamos lá então? Solte essas pedras, pegue essa chave e destrave a porta. Bem-vindo ao mundo do livre arbítrio e da independência. Você está seguro e será muito feliz. Eu garanto.

Singelas linhas



Não tenha medo do final, do fracasso, do inesperado. A vida é livro aberto, obra em progresso, jogo indefinido. Portanto, faça a mais, seja diferente, não se contente com aquilo que só agrada ao olhar alheio. Suas respostas estão escondidas dentro da própria pergunta, suas dúvidas são sempre resolvidas quando você pensa na origem da questão. Então, fica assim: sorria, arregace as mangas e se ponha ao trabalho, seja qual for. O fim, que nunca o é e nunca chega, só lhe oferece a possibilidade de mudar, de se reinventar, de lançar a sua própria startup. Não importa a estrada e sim a caminhada. Não tenha preguiça nem coloque a pedra do “é tarde demais” no trajeto. Seus pés são o mais perfeito meio de transporte que existe. Assim, use e abuse deles. Enquanto você estiver fazendo sua própria história, outras histórias irão aparecer e se misturar com sua. Aproveite-as, explore-as, aprenda com elas. E, dessa forma, percorrendo e se envolvendo, vivendo e convivendo, você não verá o tempo passar e terá todo o tempo do mundo para tudo o que quiser. Inclusive, agora, lendo esse texto ou fazendo qualquer outra coisa que seja, para você, o mais existencial dos exercícios. Recomece, ressignifique-se, torne-se a mais apaixonada das criaturas. E não precisa ter filhos, plantar árvores ou escrever livros. Basta fazer aquilo que você ama. O amor volta para você em dobro, na forma da mais absoluta satisfação. Acredite em mim ou então peça de volta o tempo gasto lendo essas singelas linhas.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Consciência



Hoje é de consciência, de abrir horizontes, ir além das aparências. Hoje é de dia de negros e pardos lutando do mesmo lado. Dia de todas as raças lutarem pelo fim do preconceito, do desrespeito, do sofrimento. É dia de todos se colocarem no lugar do outro, de refletirem, de entenderem que por trás de cada negro há uma história de 300 anos de escravidão e exclusão. Portanto, comecemos agora combatendo toda forma de racismo e de violência. Mas não só por hoje e sim para sempre. Para sermos justos, não basta não ser racista; é preciso combater o racista, não ser indiferente e não ter medo do enfrentamento. Injustiças só são superadas quando todos se unem por uma causa comum. Exterminar o racismo não é uma causa dos negros e sim de todas as cores e de todos os povos, passando por mim, por você e por tudo mundo.


terça-feira, 19 de novembro de 2019

Transformação



Eu sou assim. Sorriso largo, abraço apertado e, às vezes, beijo disfarçado. Eu sou assim. E nada faço para ser diferente. E é porque não quero nem preciso. Sou o que se vê ao nítido, o espelho refletido, a lágrima do incontido. E assim serei. Sem amarras, sem frescuras, sem neuras. Eu acordo, abro olhos, tendo entender onde estou e depois sigo em frente, traçando meu mapa enquanto percorro o próprio caminho. Minhas melhores aventuras não aconteceram sob encomenda ou devidamente planejadas. Foram experiências que apareceram do nada e me arrebataram como um carma. E eu adorei tudo. Até mesmo o que machucou porque ali algo aprendi. E assim vou. Motores ligados, vidros abertos e som no máximo. No caminho, o que eu encontrar é sempre desatino ou, quem sabe, golpe de mestre desse incensado Destino. Eu não tenho medo, eu não ligo para o perigo. Meu maior risco é ficar parado enquanto o tempo passa e nada acontece por inércia e também merecido castigo. Eu não quero isso. Viver é ser livre, é respirar pelo espírito. Quem muito pondera nada celebra. Quem muito enxerga nada observa. Sou muito mais do que cinco sentidos, muito mais do que do abismo fugitivo. Sou aquele cara parado na esquina, sou o cão que foge sem saber o caminho de volta. Sou o fogo que queima a água, a água que derrete a terra, o terra que banha o mar. Sou assim, um tanto verdade e muito da mentira. Porque a verdade vai além da verdade, da vaidade, da veleidade. A verdade vai onde está a vontade, onde coração palpita. Eu sou assim. Olhos que gritam, bocas que alimentam, pulmões que pulsam, ouvidos que transpiram. Não tenho nada a ver com as certezas platinadas de um sucesso. Meu êxito é ser, ainda que em fracasso, espontâneo e poético, cruel e romântico, visceral e atlântico. E assim, até que enfim, entre as flores de um jardim, acharei o significado de tudo e de todos os boatos. Do tanto dito e do infinito não confesso, o real valor de todas as somas é a estrada que me trouxe ao limite e tudo que dela absorvi. No fim, eu sou mais o caminho percorrido do que todo o tempo engolido. Sou mais aquilo que pisei do que no que me transformei.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Vendaval



Divisão nunca trouxe solução
Hoje tudo é assim: fragmentado e binário
Não há meio termo ou senso comum
É tudo ou nada, dente ou faca
E nesse vendaval de intolerância
Amizades foram quebradas
Mágoas foram reveladas
E ninguém ganhou nada com isso
Ainda pergunto, um tanto incrédulo
Onde isso faz sentido? Onde isso é bom?
No fim, estamos, assim, perdidos, brigados, fodidos
Lutando capoeira contra a própria sombra
Correndo como cão atrás da cauda
E nada encontramos, nada fazemos
Então vamos ter lucidez
Defender nossas posições com isenção
Sempre aceitando o contraditório, o alheio
Porque, no fim, só lucram com a guerra
Os vendedores de armas e os vencedores
Mas um país tão complicado quanto o nosso
Precisa também lidar com os vencidos e os oprimidos
É bom quando nos colocamos no lugar do outro
Empatia e solidariedade nunca fazem mal
A não ser para quem traz o ódio como ato político
Porque não tem nada mais para oferecer
A quem ainda insiste em lhe emprestar um pingo de atenção

Outubro




Eu deixo você ir
Não porque eu quero
Quero é seu bem, sua felicidade
Mas isso não está acontecendo
Você perdeu seu brilho no olhar
A vontade de viver e de lutar
Comigo, você apenas sobrevive
Um dia após o outro
Sem empolgação, sem entusiasmo
Nem parecemos mais nós mesmos
Algo se perdeu, algo se soltou
Não temos mais o mesmo encanto
Não temos mais a mesma poesia
Estou fazendo de você alguém menor
Não por querer, mas por conviver
Então, deixo você ir
Sei que lágrimas vão cair
Sei que seremos desespero
Mas quanto tudo isso passar
Você vai entender, vai acordar
E aí seremos livres
Para seguirmos em frente
Sem mágoas e sem abismos
E torcendo um pelo outro
Porque de nós o que fica
Mais do que as páginas coloridas
É o amor ou quase amor
Que nos uniu e nos juntou
No outubro de uma noite fria
Que ainda aquece nossos corações

Rejeição



Meus olhos são seus
Meu coração é seu
E tudo mais que tenho e carrego
Também é seu por direito
Mas o direito que você não tem
É de abusar e de usurpar
De sumir sem deixar pistas
E depois aparecer como se nada fosse
Você me tem, mas não é meu dono
Ainda tem de mim tudo o que quiser
Mas não para todo o sempre
E se algum dia, quando já tiver perdido
Ainda tentar me recuperar
Com lágrimas e olhos de crocodilo
Saiba que aí já estará tudo decidido
E não na forma de um beijo redentor
E sim na de uma angustiante rejeição
Ainda que me  cause a mais profunda dor
E a mais profunda depressão

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Antigo retrato



De todas as coisas que eu não disse, o pior foi não dizer que eu me importava, que eu sentia a mesma emoção, que meu coração já era seu muito antes de eu saber. Tudo parecia só sexo, só instinto, um choque animal. Apesar do prazer e do orgasmo, éramos muito mais do que o sexo-ato. Tínhamos ainda tanto a conhecer um do outro, tantas camadas a descobrir sob doces encantos. Mas você não me esperou. Deixou um gosto amargo de saudade nas minhas tardes e um desejo exposto nas minhas noites tão incríveis. Tentei com outras pessoas, tentei em outros corações buscar abrigo, aconchego, mas tudo que encontrei foi um vazio de não ter ali ao lado seu corpo aquecido e seus cabelos enroscados junto aos meus braços. Acordo, então, na ressaca, mas não de bebida e sim de melancolia. Meus dedos inquietos buscam o aparelho e ligo para seu número atrás do algarismo que me falta na mais perfeita equação. Do outro lado, escuto seu soluço aflito antes do ruído fatal. Mas uma vez você interrompeu meu desejo, meu deixou por um fio. Não sei mais por que tanto insisto. Se você não quer, por que não consigo deixar para lá? Por que não ofereço o mesmo vazio, a mesma maldade? Eu não compreendo, mas se eu compreendesse é muito certo que não estaríamos assim tão perdidos nessa álgebra imperfeita, nesse espelho quebrado, que, mesmo fragmentado, ainda persisti em refletir aquele nosso antigo retrato.

Aprendizado



Ela me beijou pela última vez, antes de ir embora. Deixou para trás um vácuo de saudades e dores repartidas. Ainda sozinho, entre as penumbras e as sombras, fico recordando como tudo se deu, como tudo mudou da magia para a tragédia. Não sei como pude me perder, como pude enveredar por entre descaminhos e labirintos. No fundo, de tudo que perdi, perdi a mim mesmo. Perdi a alegria de sorrir, a vontade de cantar e a luxúria pela escrita. Tudo que escrevo agora são linhas mentais e imaginárias que telepaticamente envio para minha antiga amada, como forma de perdão, como sussurrada depressão. Os dias passam, às vezes lentos, às vezes como um raio. Em muitos deles me deito e engulo a dor em forma engarrafada. O luto se perde em ressaca, em noite mal dormida, em manhã de dores e de agonia. Como ferro corroído, a dor instalada também se transforma. E essa nova forma ainda é enigma, ainda é incógnita. Não sei dela o que fazer nem mesmo o porquê de algo fazer. Só sei que vou indo, luz após luz, luar após luar, andando em frente, mas um tanto devagar. Talvez de tanto divagar, as respostas que tanto procuro me apareçam e aí esse triste pesadelo será tanto peso como um elo para algo que vivi e que com quem muito aprendi.  

Pêndulo insone


Quando a vida passa, não resta mais do que ficou
Quando tempo demora, resta nada mais do impaciente
E esse tempo que passa e esse tempo que fica
Em algum momento da existência dialética
Enfeixam-se, se cruzam e encontram fronteiras
Ou seriam não mais do que sólidas barreiras?
Seja como for, há de se aprender algo com eles
Do que passou, talvez fique a lição do arrependimento
Do que custa a passar, herda-se a noção do planejamento
E, assim, planejando em cima do que se arrependeu
Talvez daí se extraia a mais valiosa das lições
Porque não há tempo perfeito nem tempo perdido
O tempo passa e o tempo vem, como pêndulo insone
A nós resta balançar com esse pêndulo, aprendendo
O valor dos minutos que passaram
E a riqueza dos minutos que virão
No saldo desse ponteiro é que advirá
Tudo que temos por mérito construído
Sem mais tempo a perder, sem mais tempo a chorar

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Quem escreve



Nunca abra mão de quem você ama. Brigas e desentendimentos vêm e vão. São arestas que lapidam uma relação duradoura e funcional. Mas o Amor sempre prevalece. E prevalece porque é transcendental. Vem de outras vidas, de outros carnavais. Não sabemos disso porque nos contam e sim porque sentimos. É algo que vai além, que atravessa paredes e fronteiras. É o que nos arranca lágrimas de desespero e sorrisos de incontida alegria. Amar são trevas e fogos. Mas não o Inferno em si e sim o inferno de uma paixão. Queimamos por dentro. Queimamos por fora. Queimamos de tesão e também de compaixão. O Amor são linhas tortas de um texto perfeito. O abraço preciso que resolve qualquer mal entendido. É sério. Não erre. Lute por quem você ama. Depois que passa, depois que cessa; ficam só o peito ferido e o tempo perdido. Seja melhor do que isso. Lute, resista, insista. A aposta mais certeira dessa vida é aquela feita com o coração. Quem joga não ganha dinheiro e sim o par perfeito. Aquela companhia constante e etérea. Não há palavras para definir. Apenas se sente e se pressente. Então, não perca tempo. Lance-se de braços abertos e coração ereto. Quem ama se entrega. Quem ama não tem medo. O único ferimento que se pode ter por amar é o arrependimento por não fazer aquilo que deveria ser feito. Aqui é vivo testemunho, por carne e por carma, de quem tristemente escreve esse texto.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Que mal?



Que mal há em um homem namorar outro homem, em uma mulher acarinhar outra mulher? Que mal há em se ver um médico negro ou um gari branco? Que mal há em um homem se vestir como mulher ou em uma mulher se identificar com os atributos masculinos? Que mal há em uma pessoa frequentar um terreiro e seguir religiões de matriz africana? Que mal há em uma mulher, assim como os homens fazem, sair para a balada, se divertir e beijar quantas pessoas quiser? Que mal há em se dividir um assento de avião com alguém de classe econômica inferior? Que mal há em uma faxineira ter seus filhos cursando faculdade? Que mal há em um mundo melhor e mais inclusivo? O único mal nisso tudo é quem não aceita o outro e seus respectivos direitos por, no fundo, não aceitar a si próprio.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Imortal caturrice



Depois de sofrer uma derrota doída para o Bahia (0x1), dentro do Olímpico, no último dia 16, pelo Campeonato Brasileiro, Renato Portaluppi mais uma vez misturou o personagem com o treinador. Sem autocrítica e nenhuma reflexão válida sobre aquele jogo, desmereceu a vitória do esquadrão baiano e ainda disse que só Flamengo, Santos, Athletico-PR e o próprio Grêmio jogam para vencer no futebol brasileiro. Mera bravata. O Grêmio jamais pode ser colocado como um time que joga para vencer sempre, pois, do contrário, competiria em todas as partidas de todos os campeonatos com força máxima. E, na verdade, o Grêmio é um dos clubes que mais desnivela o certame nacional ao abrir mão de performar com seus titulares. Isso fez com que a equipe se afastasse assustadoramente do G4 da atual edição do Brasileirão. Mas nenhum problema. Para Renato, a vaga gremista para a Libertadores/2020 viria através do título da Libertadores/2019. Só que não veio. E antes da surra que o Grêmio sofreu no Maracanã, Renato, mais uma vez, “descansou” seu time na rodada do último fim de semana do Campeonato Brasileiro. Resultado: derrota diante do limitado Fortaleza. Além disso, por questão de “atraso” no voo para o Rio, o elenco gremista ganhou “folga” domingo passado e Renato pôde até bater uma bolinha na praia com seus colegas de beira-mar. Enquanto isso, o Flamengo jogava o clássico contra o Fluminense com força máxima e moldando já o que seria feito na batalha decisiva pela Libertadores. E, assim, descansados e com treinos de menos, os atletas do Renato foram a campo. Inacreditavelmente, André “Balada” estava no comando de ataque. Fazendo-lhe companhia, o inoperante Alisson, jogador sem personalidade e que só faz correr. Somando fator ao desastre, temos também Paulo Miranda, horroroso na zaga e pior ainda na lateral-direita. Também não pode ser esquecida a escolha por Michel, volante desajeitado e preguiçoso na marcação. A cereja do bolo foi Paulo Victor no gol. É uma heresia o sucessor do excelente Marcelo Grohe ser um arqueiro tão inábil. PV, como gosta de ser chamado, é ruim na saída de gol, na reposição de bola, nas defesas em dois tempos e nos encaixes de arremates. É incrível como conseguiu se tornar um atleta profissional. Faltam-lhe talento, disposição, reflexos ágeis e treinamento específico. Titular para além dos muros gremistas, PV só conseguiria nas peladas de fim de semana ou nos confrontos de casados contra solteiros. Como já estava desenhado, veio a catastrófica atuação tricolor. O Flamengo fez quantos gols quis e como quis. Se quisessem, os rubro-negros poderiam até pegar emprestada uma torcedora “grávida” para ajudar a balançar o barbante gaúcho. O mais grave é que mesmo depois desse banho de preparação, de tática, de foco e de treinamento que sofreu de seu contraparte português, Renato não aprenderá a lição. Vai continuar achando seu time a reinvenção do futebol, vai continuar acreditando que pode usar seu toque de Midas para transformar “Andrés Baladas” em jogadores de alto nível, vai seguir “poupando” seus atletas-bibelôs e também continuará transferindo os sintomas de que seu time está mal para episódios pontuais. Foi assim que ele falou quando o Grêmio perdeu para o Fluminense nessa edição do Campeonato Brasileiro, sofrendo inacreditáveis 5 gols dentro do Olímpico. Para Renato, foi algo esporádico, explicado na base do “demos mole”. Sim, Renato continuará “dando mole” e sofrendo com as “mulheres grávidas” goleadoras porque é incapaz de fazer uma análise sobre si mesmo e sobre o próprio trabalho. O pior é que, no meio desse temporal, ele arrastará para o ralo consigo o “Imortal” tricolor. É uma pena, mas também uma consequência óbvia de escolhas erradas e de muita teimosia. É o Renato Portaluppi se aproximando terrivelmente da sombra do Dunga. Dois gaúchos que podem mesmo morrer abraçados por serem vítimas dos próprios caprichos e de uma imortal caturrice.


quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Amigos sumidos



Você já teve algum amigo que, sem razão alguma, sumiu da sua vida? Você tem algum amigo que sempre diz “Está sumido, hein, cara?”, mas que nunca liga nem manda mensagens? Ou então aquele amigo que começa a namorar e some sem deixar pistas? Ou aquele outro que nunca tem tempo para nada além de si mesmo? Pois é, todos temos alguém na nossa vida se encaixa justamente em uma dessas situações descritas aí em cima. Mas qual o problema disso? O problema é você se sentir mal ou desconfiado de si mesmo quando algum amigo seu se afasta. Se você cometeu algum erro com ele, ele, como seu amigo, lhe dirá para você ter a chance de pedir desculpas e reparar a ofensa. Mas quase nunca é assim. Quando seu amigo some, some porque você não se encaixa mais no estilo de vida que ele quer seguir. Em outras palavras, quando vocês eram inseparáveis, ele não enxergava em você valor, apenas utilidade. A partir do momento em que você não tem mais utilidade, ele some porque outras pessoas agora ocupam esse espaço. Logo, você precisa entender de uma vez por todas: se ele nunca enxergou seu valor, então, essa pessoa nunca foi sua amiga. E distanciar-se voluntariamente é um favor que essa pessoa faz. Só não é aceitável que você caia na armadilha de dar nova chance quando for procurado novamente. Lembre-se: ele só quer sua utilidade, só quer um “quebra-galho”. Você e cada um de nós somos muito mais do que isso. Portanto, não tenha receio de dizer um sonoro “não” quando esses amigos sumidos voltarem à cena. Quem conhece seu próprio valor jamais pode aceitar o papel de utilitário na vida alheia. E, assim, reconhecendo e reclamando por seu próprio valor, você terá na sua vida só mesmo quem merece, quem tem valor e também é capaz de enxergar o valor alheio.

Momentos e sentimentos



São momentos que constroem os sentimentos e não o contrário. Se eu sinto, eu estou junto; mas, para sentir, é primeiro preciso fazer companhia e aprender a gostar da companhia. Esse é o segredo, a explicação de o porquê algo não ter dado certo entre duas pessoas. Por mais que os momentos tenham sido ótimos, nem sempre eles levam aos sentimentos do amor e da afeição. Os momentos que não se tornam sentimentos acabam por se transformar em relações vazias e líquidas. Então é isso, por entre mortos e feridos, não há um único culpado, uma vilania oculta por trás do desacerto. Muitas vezes, não tinha que ser ali, naquele momento, com aquela pessoa. Maktub. O importante é sempre termos a capacidade de nos reconstruirmos para merecer nossa própria felicidade. E até sermos felizes, ainda nos depararemos com muitos erros para, enfim, confrontar o acerto definitivo. Então, um brinde à vida e que sigamos na busca pelo sentimento que nos virá através da soma de tantos momentos sublimes e mágicos.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Intermediários do Destino



Ensinar é reformar consciências, transformar sonhos e gerar mentes tão curiosas quanto independentes. Quando estamos professores, estamos criando uma nova forma de interagir com mundo, de se colocar na sociedade e de pensar sobre o agir. Ser professor é influenciar uma decisão que nem mal sabíamos ter nela algum tipo de contribuição. Como professores, somos mercadores de esperanças e de futuros. Lecionamos com a alma porque só dela pode advir o fluxo libertador, o éden do conhecimento e a interrogação sobre não mais o que fazer com caixa e sim sobre se ela é realmente necessária. Professores somos responsáveis por fazer dessa terra um plano melhor. Mas redondamente se engana quem acha que é sobre isso que debruçamos. As informações estão nos livros e na internet. Não somos, por dedução, máquinas de consulta, informantes do universo. Somos algo muito mais sutil e poderoso, somos um elo entre quem ainda será e quem já é, somos o túnel que liga o processo ao produto, somos a soma do desejo de termos um amanhã melhor para justamente quem estará aqui para desfrutar dele. Somos uma parte gigantesca de quem pode salvar o planeta ou enterrá-lo de vez. É uma responsabilidade monumental e também uma recompensa inexprimível estar entre quem aprende e quem pratica. E, por sermos intermediários do Destino, temos tanto compromisso e tanto sorriso para lutar por aqueles que tanto precisam de nós. Feliz Dia dos Professores a todos nós.