O
amor é um todo, não são pedacinhos que se encaixam, não é um castelo de Lego.
Se quiser amar alguém, não ache que isso será feito apenas com gentilezas,
agrados e beijos. O amor é grandioso, é algo estonteante, que pega fogo. O amor
arrebata, toma por assalto corações desatentos e pessoas desavisadas. O amor é
um tombo feio, daqueles que machucam a alma e deixam sequelas. Portanto,
cuidado. Trazer o amor de alguém para si requer algo a mais, o óbvio leva
apenas ao campo batido da amizade, do coleguismo. Uma pessoa não se interessa
por quem não a surpreende, por quem não a comove, por quem não lhe traz para
fora da zona de conforto.
Esse
é o segredo dos cafajestes e o ponto fraco dos bonzinhos. Bonzinho é bom, mas é
calculado, previsível. O cafajeste não. Cafajestes são paraquedistas,
velocistas, malabaristas. Eles vão pelo avesso, confundem o radar das garotas e
só param quando já fizeram um pouso seguro em seus miocárdios e colchões. É
assim que funciona. Eles chamam para uma volta, mas acabam promovendo um world
tour, conseguem tirar o fôlego e a roupa das mulheres de uma forma tão despretensiosa
que até parece que aconteceu por acaso. Os cafajestes, então, entendem as
mulheres? Não, isso porque são incapazes de levar uma relação séria a longo
prazo, sem traumas ou hematomas. Mas entendem de amor, ou melhor, do que leva
garotas a se apaixonarem por alguém. Logo, percebe-se que paixão é combustível,
lubrificante das engrenagens envolvidas em um relacionamento.
O
que cafajestes não sabem é que o amor é como o fogo, precisa de alimento para
ser mantido e, nisso, eles são péssimos. Sua adolescência tardia impede que os
vínculos sejam fortalecidos e renovados. Amor, então, precisa de bonzinhos, de
gentilezas, agrados e beijos. Sim, o amor precisa também de amizade, precisa de
companheirismo, cumplicidade, mãos que se ajudam. Viu como não é simples?
Pessoas querem emoções fortes, devaneios, mas, em algum momento, também querem
colo e aconchego. Essa álgebra dos sentimentos é delicada. Requer ondas
agitadas, mas também calmaria; requer beijos de língua, mas também beijos na
testa.
Amor
é um conjunto maior, habitado pelas paixões, pelos sentimentos, pelas carícias
e carências. O balanço desse todo no espiral das consciências é que torna o produto
final como é. E essa equação pode levar a tantos resultados: felicidade, alegria,
tesão, delícia, tristeza, decepção, frigidez, mentira, amor, desamor, harmonia,
melancolia ou tanto mais ou tanto menos Eis o amor, um elo, um selo, um todo
que de nós tanto faz e tanto traz, um todo que pode ser uma mágica, uma solução
ou apenas uma desilusão, um convite ao recomeço. De toda a forma, de todo o
jeito, entender o amor e o que ele provoca, como nos sufoca ou nos invoca, nos ajuda
a dar um novo passo, sem o peso dos medos e dos choques que o passado legou.
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