Depois daquele líquido diálogo
Tudo ficou diferente, transparente
Como se o nada fosse o que vivemos antes
E o tudo fosse aquilo que estava a vir
O absurdo agora é algo lógico e
corriqueiro
Nem dá mais medo de olhar ou de pedir
Tudo agora e aqui é tão natural e
espontâneo
É um dia de sol, mas que também poderia
ser de chuva
Não estamos mais descontentes, no máximo,
carentes
Não há mais para onde correr,
Mas também não há mais do que fugir
Depois de tantos desencontros e fechadas
Depois dos trânsitos e das alvoradas
Tudo parece ter renascido pronto, planejado
Como as janelas abertas em dias quentes
Como as panelas que filtram o calor de
nosso alimento
Como o beijo que tanto adiamos apenas
pelo simples prazer
Prazer de vê-lo acontecer na hora exata, no ambiente adequado
Ou seja, quando mais já não era esperado,
Quando mais já não era tempo
Tudo pelo prazer de inverter a lógica e
as verdades absolutas
Tudo pela vontade de fazer o que
queremos,
Como aves que voam à noite,
Como águias que caçam predadores
Enfim, nosso tempo é atemporal
Não temos segredos ou confissões
Apenas deixamos que nossos barcos velejem
Enquanto molhamos os pés na água e o
vento acaricia nossas faces
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