Não foi preciso dizer. Meus
olhos, inseguros e oblíquos, responderam por mim. Claro que eu ainda gostava dela,
claro que eu me importava. E ela sorriu, fazendo pouco caso de me sentimento,
me empurrando para mais sofrimento. De mãos dadas com outro cara, ela se foi e
nem me viu chorar. Não de tristeza, de dor. Foi de raiva por ainda gostar dela,
por ainda estar apaixonado. Bebi para esquecer, para entender, tudo se
misturou: recordações, emoções, beijos, brigas, pazes e decepções. Trocando
pernas, me arrastei pelas ruas. Procurei outras bocas, outros corpos, mas nada
resolveu. Só acabou quando entendi que, para esquecê-la, eu devia me lembrar de
mim. Eu não podia colocá-la antes de mim, de minhas necessidades, de minhas
vontades e de meus sentimentos. Ela jamais se colocou depois de mim; porque eu
não fazia o mesmo, porque eu sempre repetia o mesmo ciclo de amargura? Mas
agora aceitei, aceitei que, antes de mim, não há ninguém. E lá fui: roupa nova,
perfumado, drinque à mão, à caça de uma nova presença para minhas noites. Sem
correria, sem pressa, sem revanchismo, só mesmo uma pessoa com quem eu possa
partilhar meu melhor e caminhar ao lado, nunca à frente, nunca atrás, mas
sempre ao lado e de mãos dadas.
Sincero,verdadeiro.
ResponderExcluirRL