A vida pode
ser quietude, passividade e sossego. Pode ser à beira mar, com sabor de
pêssego. Mas vocês conseguem viver assim? Vocês conseguem largar tudo, se
alienar do mundo e partir por aí? Alguns sim e muitos com certeza. Mas eu não.
Jogo no time dos incomodados, dos inconformados, daqueles que se perturbam com
o status quo. Dizem que os
incomodados que se mudem. E estamos nos mudando, mas levando o mundo junto
conosco. Sempre acreditei na transformação, na necessária mudança. Não é mudar
por modismo, para criar tendência. É mudar por algo e por alguém. O modelo
atual ainda é invasivo, excludente, deprimente. Serve para poucos e não para
todos. Aí, eu enxergo a obrigação da mudança, da reorganização dos fatores.
Seria ilusão e ingenuidade querer tudo diferente de forma expressa, a jato.
Porém, dá para fazer, dá para mexer a massa, bater o concreto e encaixar os
tijolos. Precisamos da coragem para sujar a mão de graxa, fuçar nas
engrenagens. Não quero que todos tenham camaro amarelo, mas sim que haja um
teto para cada um, brasileiro ou não. Quero que comida seja algo natural no dia
a dia, quero que as empresas produzam, empreguem e cresçam. E também quero que
o trabalhador opere, prospere, mas que também descanse. Quero que as oito horas
se tornem seis, para que mais pessoas possam trabalhar e consumir. Quero que o
salário médio e o mínimo não ensejem sobrevivência, mas uma vida em que exista
o mínimo de conforto e recreação. Não é um sonho e sim uma meta. Talvez a
metade que ainda falta a fazer. Não sejamos alarmistas. O país melhorou,
progrediu, incluiu, mas ainda não o suficiente. Não atribua isso a Lula, Dilma,
FHC, Itamar ou Collor. O que fez o Brasil melhorar foi a democracia, com
eleições livre e diretas, com imprensa livre, com pluralidade de partidos e
ideologias. Sei que as pessoas ainda se confundem e confundem fazer político
com benefícios pessoais. Tudo bem, sem problema. A mudança vai varrer para
longe toda essa sujeira, toda essa corrupção de valores e de caráter. Apenas
tenhamos em foco que não se pode parar, as ruas não podem se acostumar ao
silêncio cidadão e ao ruído dos criminosos. Somos nós, é nossa responsabilidade
tomar as esquinas e avenidas e fazer a roda viva girar. Não se cale, não se
torne lobo de sua própria hipocrisia, a marcha, a dos democratas e civilizados,
deve continuar. O mar continuará onde está, continuará à espera depois nossas
lutas e embates.
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