“...
Não leve o personagem pra cama
Pode
acabar sendo fatal
Então
desmonta logo esta máscara
Voltamos
à estaca zero
Fica
tudo igual... Normal...”
Composição:
Lulu Santos
O
personagem é como um salto alto, ele lhe dá altivez, confiança, desenvoltura. Com
ele, ressoam em você poder, status, sexy appeal. A questão é até quando você
pode sustentá-lo, até onde você pode marchar sobre a plataforma, antes que os
pés sangrem e a coluna se contorça. Não é clara a fronteira, muitas vezes o
personagem se confunde com o ator e o que era para ser só fantasia se torna
realidade. Com quem você acorda pelas manhãs? Com você ou com o personagem?
Quem vai com você para a cama todas as noites, quem gosta de você de verdade ou
alguém que se apaixonou meramente pelo personagem? Muitas vezes, a vida é
chata, mas ela também pode ser o mais extraordinário roteiro de ficção. Basta
viver intensamente e seguir o fluxo dos fatos. O personagem não é a inspiração
para as pessoas, são as pessoas que inspiram a criação dos personagens. Quantas
pessoas você já não conheceu que são, por si só, grandes personagens? Então é
assim, não precisa inventar, viver o que não se é. Acredite, o melhor
personagem que você pode ser é aquele que sua essência carrega, é aquele que
você já é naturalmente. Apenas deixe que ele exista e saia da casca. Perceba
que ser o que se é, em essência e plenitude, é o maior exercício de
personificação que se pode fazer. Esse é o personagem que merece os mais
efusivos aplausos, a mais generosa das críticas.
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