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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O verdadeiro personagem


“... Não leve o personagem pra cama
Pode acabar sendo fatal
Então desmonta logo esta máscara
Voltamos à estaca zero
Fica tudo igual... Normal...”

Composição: Lulu Santos

O personagem é como um salto alto, ele lhe dá altivez, confiança, desenvoltura. Com ele, ressoam em você poder, status, sexy appeal. A questão é até quando você pode sustentá-lo, até onde você pode marchar sobre a plataforma, antes que os pés sangrem e a coluna se contorça. Não é clara a fronteira, muitas vezes o personagem se confunde com o ator e o que era para ser só fantasia se torna realidade. Com quem você acorda pelas manhãs? Com você ou com o personagem? Quem vai com você para a cama todas as noites, quem gosta de você de verdade ou alguém que se apaixonou meramente pelo personagem? Muitas vezes, a vida é chata, mas ela também pode ser o mais extraordinário roteiro de ficção. Basta viver intensamente e seguir o fluxo dos fatos. O personagem não é a inspiração para as pessoas, são as pessoas que inspiram a criação dos personagens. Quantas pessoas você já não conheceu que são, por si só, grandes personagens? Então é assim, não precisa inventar, viver o que não se é. Acredite, o melhor personagem que você pode ser é aquele que sua essência carrega, é aquele que você já é naturalmente. Apenas deixe que ele exista e saia da casca. Perceba que ser o que se é, em essência e plenitude, é o maior exercício de personificação que se pode fazer. Esse é o personagem que merece os mais efusivos aplausos, a mais generosa  das críticas.

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