Eu e essa mania
insuperável que tenho de me contrariar, de me contradizer. É quase verdade quem
nem minha própria sombra segue meus passos. Meus pés diferem o caminho, um vai
à esquerda, outro vai à direita. Minha razão sabota meu sentimento e meu querer
avança ou atrasa em relação ao fazer. Enfim, sou isso aí: uma criatura
desajustada, um ser em paradoxo. Um parafuso sem a porca ou, ainda, um corpo
sem alma (ou seria alma sem corpo?). Sei lá, se eu soubesse, nada seria tão
confuso nem eu seria tão desigual. Aliás, alguém viu por aí minhas roupas? Não
estou pelado, mas tenho certeza de que me esqueci de vestir algo. Ou talvez
tenha esquecido os sapatos. Bom, agora não importa. Só prometa não rir de mim.
Ah, pode rir sim. Não me levo tão a sério como acham, aliás, não me levo a
lugar algum. Isso é tudo sobre mim.
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