Não vou
fingir que perdoei, até porque não há o que ser perdoado. Você fez uma escolha,
talvez não a melhor delas, mas foi sua escolha. Sei que na vida há
arrependimento, amarguras, coisas inevitáveis. Mas não há como voltar. Uma
parte de mim até desejaria, mas a outra jamais aceitaria, jamais daria sossego
a você. Um minuto de atraso, uma ligação não atendida, tudo seria motivo de
briga, de sonora discussão. Não precisamos passar por isso, não precisamos
sangrar até o final. Podemos guardar o que foi bom e manter o respeito um pelo
outro. Pode ter certeza: não vou me fazer de vítima, te queimar por aí, dizer
que você não presta. O coração é muito complexo e nossa cabeça muito frágil. Se
foi um momento de fraqueza ou uma mudança de ideia, só você pode dizer. A mim
cabe não julgar, compreender, saber que também poderia ter sido comigo. Todos
nós temos inimigos, ocultos, anônimos e que habitam em nós mesmos. Agora, vamos
dar um tempo, fechar feridas, encontrar saídas. Sei que ainda há muito pela
frente, vamos crescer, amadurecer, conhecer o mundo. Algum dia, lá no fim da
linha, pode ser que tudo mude. Pode ser que estejamos prontos e perdoados, pode
ser o reinício de que tanto precisamos.
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