Sou do tempo em que os
amigos se abraçavam, em que nós éramos tímidos com as garotas, em que o medo
era maior do que o castigo. Sou do tempo em que uma festa durava o ano inteiro,
em que as amizades eram mais pelos atos do que pelos fatos. Sou do tempo em que
o respeito era importante, em que ruim de bola podia se juntar à turma. Sou do
tempo em que se escutava rádio, com aquela emoção especial de quem torce para
tocar a música favorita. Sou do tempo em que os beijos eram poucos e as
emoções, muitas. Sou do tempo em que uma paquera era tão importante quanto uma
conquista. Sou do tempo em que os meninos perdiam a voz e as garotas ficavam de
rosto vermelho. Sou do tempo em que pelada era no meio da rua, descalço e com
chinelos para marcar as traves. Sou do tempo em que se pulava muro para pegar a
bola no prédio do vizinho, roubar frutas ou ver garotas trocando de roupa. Sou
do tempo em que cinema era coqueluche, um programa de tirar o fôlego.
Hoje, tudo é tão
diferente. Muita coisa melhorou, nós evoluímos. A presença se tornou opcional e
a comunicação, revolucionária. Quem diria? Nossa música favorita está a um
click de distância, e de graça. Filme é programa caseiro, até se for
lançamento. As festas e as histórias acabam rápido e as lembranças trocam de
lugar com os acontecimentos, rápidos, intensos e constantes. Hoje, pelada é na
grama sintética e com chuteira de marca. Enfim, muito mudou, e não
necessariamente para pior.
Mas quer saber? Quanta
saudade daqueles tempos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário