Não sei chorar
sangue nem cuspir fogo. Sim, sou tolo. Nada tenho de especial, nada tenho de
anormal. Eu me olho no espelho, mas só me vejo nas sombras. Não preciso me
esconder, já sou invisível. Mas isso não é vantagem, isso não é malandragem. Se
eu olhasse as garotas se trocando, se eu espiasse os garotos se tocando. Nem
isso me tornaria legal. Essa é minha sina, tão perto, tão longe. Diante de seus
olhos, mas invisível para seu corpo. Se eu pedir um beijo, vai me faltar
coragem. Se eu lhe mandar uma carta, o extravio é certo. Enfim, fico e me calo,
com esse doce salgado de não conseguir um pedaço que é seu, de não conseguir
arrancar aquilo que, um dia, por profecia, deveria ser meu.
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